Um restaurante dentro de uma escultura gigante, servido com história e controvérsia

Nos arredores de Natchez, numa estrada secundária que atravessa campos e plantações, ergue-se uma figura impossível de ignorar: uma mulher afro-americana com mais de 8 metros de altura, envergando uma saia vermelha folhada. Dentro dessa saia, encontra-se o Mammy's Cupboard Restaurant, uma cápsula do tempo onde se cruzam a hospitalidade sulista, a arquitetura kitsch e uma história complexa.

Construído em 1940, este lugar foi objeto de debate durante décadas devido à sua imagem ligada ao estereótipo da "mammy" - uma personagem associada ao racismo no sul dos Estados Unidos. No entanto, ao longo do tempo, foi reapropriado pelos seus proprietários e pela comunidade local, que o transformaram num símbolo de resistência e curiosidade cultural. Para além do edifício, o que o mantém vivo é a comida de conforto sulista: empadas de galinha, pão de milho, tartes de creme e chá gelado à moda antiga.

Apesar do seu aspeto pitoresco, o restaurante tem uma alma autêntica. As empregadas de mesa conhecem todos os clientes pelo nome, as receitas não mudam há gerações e as toalhas de mesa são de xadrez vermelho. Uma visita ao Mammy's Cupboard é um vislumbre de uma parte da história do Sul que não aparece nos museus, e fazê-lo com uma colher na mão.